quarta-feira, 20 de março de 2013

Cochicho






Contei um segredo à lua...
Agora ela já sabe que para sempre eu serei tua

As estrelas me olharam com desdém
Porque até elas queriam ser tuas também

Mas a lua pediu para eu ter cuidado
Tu só podes saber do segredo quando for meu namorado

Quando olhei o céu de novo uma estrela sumiu de repente
E se fores logo à janela verás passar uma estrela cadente

Então faça a ela um pedido...
E se fores atendido eu saberei que quer namorar comigo

Até lá, não te direi o que contei à lua...
Que meu amor é só teu e para sempre eu serei só tua!



Uníssono





Antes era só estrada
Era trilha deserta
Sem pegada
Era espinho e pedra
Era poeira,
Era nada!
Antes era deserto e solidão
Era incerteza e imensidão
Eram notas ao vento
Noite ao relento
Letras perdidas pelo chão
Antes era caminho sem reta
Era andar sem meta
Na contramão
Antes era somente estrada
Mãos vazias
Empoeiradas
Sonhos desfeitos
Só ilusão!
Antes era solidão e deserto
Nada por perto
Era andar sem rumo
Sem direção
Antes era só estrada
Sem rastro ou pegada
Era solidão!
Antes era incerteza
Uma voz inaudível na imensidão.
Antes era noite sem dia
Notas sem melodia
Letras deixadas perdidas,
Escrita apagada pelo chão
Antes era estrada deserta
Feita de espinhos e pedras
E solidão!
Antes da Poesia encontrar a Canção...

terça-feira, 19 de março de 2013

Sol da Meia Noite





Era dia e a lua brilhava
Aquecendo o inverno
No inferno, o gelo queimava
E se derretia em brasa
Enquanto a navalha
A pele lhe acariciava
E o sangue jorrava
Manchando a neve,
De vermelho,
Mas ninguém o via...
Porque naquele dia
O sol não apareceu
E a terra toda se escureceu
E o corpo não viu
Quando sua sombra saiu
Para dançar na rua,
Na penumbra da lua.
A alma estava nua
E gritava
Enquanto o gelo queimava
E o inferno se derretia
Mas ninguém via...
Porque era noite
E o sol só refletia
As sombras nas paredes,
Em eufórica agonia
E o inferno tudo, de fumaça, encobria
Mas ninguém via...
E o dia lentamente passava
Enquanto o sangue escorria
Pela calçada.
Bala perdida
Que encontrou a sombra
De uma menina na esquina
E sua alma dançava
Longe dalí...
Era noite e sol iluminava
As sombras nas paredes
Enquanto os corpos,
No chão dormiam,
E não sentiam nada!
Enquanto tudo permanecia ali...
Mas ninguém mais via
Que da noite se fez dia
E a vida continuava
A alguns passos dalí,
Atrás da cortina de fumaça,
Mas ninguém queria
Porque cada alma sentia
Que uma parte sua,
Que lhe pertencia,
Fora deixada para trás,
Naquele dia
Em que a noite encobria
E dos olhos tudo escondia
Mas o coração via
E enquanto o inferno queimava
O coração sentia
E para o céu voava
E embora longe
Um outro não o esquecia
E para sempre se lembraria
Do quanto lhe amava.
Era dia e a lua com o sol se encontrava,
Mas ninguém via nada...
Só o coração tudo sentia
Enquanto a alma voava,
Para longe dalí...


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Reflexos e Reflexões






A pessoa no espelho
eu vejo refletida em mim.
São esboços de uma vida
com começo, meio e fim.
Momentos que passaram
e deixaram marcas registradas
na imagem que se desprende de mim.
Pedaços que perdi
quando me desencontrei de mim...
Dou voltas no começo
para tentar chegar ao fim
e passo pela imagem
que se destoa de mim.
Voltando ao inicio
sem ter ido ao fim...
Capítulos de historias
que já se acabaram em mim,
são pedaços esquecidos de uma vida
que continuo a carregar em mim
Na imagem distorcida,
refletida em mim,
tudo que eu vejo
são pedaços
que sobraram de mim.
Porque eu me reinvento
e me refaço
antes mesmo de chegar ao fim.


terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Misturas






Calmaria e vento
ao mesmo tempo,
tempestade de saudade!
Amor e amizade
ao mesmo tempo
que felicidade!
Duas misturas
que provocam loucuras
tirando a paz
e deixando a saudade...



Anjos e Demônios





Eu não falo a língua dos homens
Tão pouco a língua dos anjos
É de palavras que eu me alimento
E eu vou do santo ao profano

Eu não escuto a língua dos homens
Eu sou surda pra tudo que é mundano
Eu só escuto a língua dos anjos
Eu verso meus santos e meus demônios

Meu universo é o verso
Minha língua é a escuridão e a chama
E minha palavra aos dois mundos proclama!

Meu verbo vem do verso inverso
Minha alma traduz aquilo que ama
Minha palavra é o reverso do que o ego reclama!


sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Tela do Criador





 
Dentro da tristeza
Há uma gota de beleza
Na lembrança de quem amou
Dentro da beleza
Tem uma mancha de tristeza
Borrando o quadro que a vida pintou
Obra da natureza
Um coração que jorra tristeza
Levando a beleza do que Deus criou
Dentro da tristeza
Tem uma gota de beleza
Do que um dia se chamou amor!


Renata Bicca

sábado, 22 de dezembro de 2012

A Dona da história






Quando eu decidi partir
eu não me importei
com o que seria
de quem por aqui ficasse.
Eu pensei
no que seria de mim
se eu aqui continuasse,
perdida em uma vida
que não me pertencia...
Da qual eu não me via
fazendo parte.
Apenas um jogo teatral
no qual eu não interpretava
o papel principal,
em uma velha história
já esquecida na memória
dos outros personagens.
Então decidi seguir viagem
e parti...
Quem sabe um dia eu volte...
Volte a ser protagonista
de outra história,
mas as que passaram
ficam na memória
do que vivi.
O que foi bom
levarei comigo.
O resto, do passado,
fica aqui.
No lugar da história
onde a memória se perde,
na escrita cansada
que o tempo apaga,
mas que eu não esqueci...


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Sobre o Tempo






Só o tempo dirá
Se o amor vai mesmo acabar
Só o tempo para fazer
O coração entender
Que a vida continua
Mesmo sem você
Só o tempo é capaz de apagar
Lembranças que o coração insiste em recordar
Lembranças boas que ficaram
De um amor que só faz machucar
Só o tempo dirá
Se o coração será capaz de novamente amar
Só o tempo...
Só tempo é capaz de levar
A saudade em que se afoga o olhar
Só tempo para me fazer entender
Por que esse amor viveu em mim
Sem nem nascer em você
Só o tempo para nos dizer
Que tudo aconteceu como era para acontecer
Só o tempo para nos mostrar
Que a vida continua
E traz esperanças no olhar
Só o tempo é capaz
De apagar as marcas que a vida faz
Mas se for mesmo amor
O tempo não apaga jamais...
O tempo não faz o coração esquecer
Só ensina que o fim foi melhor para mim como foi para você.


***

Que estes últimos dias de dezembro sirvam para todos não só para correr e comprar presentes, roupas novas, comida e bebida, mas para reflexão. Que cada um de nós encontre um momento para se encontrar consigo mesmo. Para rever suas atitudes, seus planos, seus sonhos e que possamos encerrar um ciclo e recomeçar com esperança renovada. Que e velho, o que não nos serve mais, o que machuca, seja deixado para trás, longe do coração, longe do presente, que comecemos 2013, não só com a roupa nova, mas com o coração limpo e a mente aberta, para novos sonhos, novas conquistas. Desde já, desejo a todos Fé, Paz Amor, Sonho e Esperança!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Pedaços do Fim






Último Dia

Se o nosso mundo acabar
Eu quero estrelas no teu céu
Quero a lua a te iluminar
E a noite a proteger com seu véu
Se o nosso mundo acabar
Eu quero ver o sol nascer
Quero mais uma vez te amar
E em teus braços morrer
Se o nosso mundo acabar
Eu quero estar com você
Quero a lua e o sol a testemunhar
Que, no fim de tudo, o amor vai viver


***

O último Luar

Se o mundo acabar
Eu quero estrelas no céu
E a lua a te iluminar...
Eu quero da noite ser o véu
Que esconde as marcas da dor em teu rosto
Banhado em pranto
Eu quero da noite ser o manto
Cravejado de estrelas
Que te cobre no leito
Enquanto dormes
Que te aquece o corpo e sacia tua sede de amar
Eu quero ser a chama que acende em teu peito
Toda vez que te pões a sonhar
Eu quero ser a lua que do céu te olha
Que te encanta e te faz pra ela cantar
E se o mundo for mesmo acabar
Eu quero ser o último luar
A clarear teus passos até o sol voltar a raiar


***

Escuridão

Meu mundo começou a acabar
No dia em que você saiu da minha vida
Sem a intenção de voltar.



quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A Galope





Eu solto as rédeas dos meus sonhos
E galopo em liberdade
Eu solto as rédeas do meu coração
E cabresteio uma saudade

Eu solto as rédeas dos meus sonhos
E eles galopam pelos ventos
Eu solto as rédeas do coração
E a cabresto vão meus sentimentos

Eu solto as rédeas dos meus sonhos
E vai a galope uma saudade
Eu solto as rédeas do coração
E o corpo cavalga em liberdade

Meu pensamento galopa em liberdade
E o coração vai ao trote da saudade...



sábado, 1 de dezembro de 2012

Pela vida afora





Eu caminhei pela minha vida e me perdi
Fui e voltei de vários lugares
E você não estava lá
Para me fazer ficar
Então tive que partir...
Eu caminhei pela minha vida e me perdi
Eu ainda vago sem destino
Sem você aqui
Eu não pude ficar
Por isso parti...
Fui em busca de novos sonhos
Quando parti
Tentando te encontrar
De mim eu me perdi
Fiquei perdida no tempo
Naquele momento em que estava aqui
Vago por tantos lugares e não te encontro
E não posso ficar
Sozinha a te esperar
Então tive que partir...
Eu caminhei pela minha vida e me perdi
Eu tentei ficar, mas você não estava aqui
Por isso preciso partir...
Vou caminhar pela vida
Tentando prosseguir
Os velhos sonhos deixo para trás
E você também fica aqui.



Deserto





Meu coração fica deserto
Sem você por perto
Para me dar amor
Fico seca, feito rio sem água
Terra árida, sem flor!
Meu coração está deserto
Sem te ver por perto
Eu não tenho amor
No coração só o que cresce
É a dor...
Que sem teu amor floresce
Alimentada pela correnteza
Que dos olhos desce
Em forma de desamor!
Meu coração fica deserto
Sem você por perto
Para florescer o amor
Sou mar sem ondas
Sou flor sem cor!
A única coisa que floresce
No coração que o amor não cresce
É a dor!
O resto é deserto
Sem você por perto
Para me dar amor
Corpo frio, sem calor
Sou rio, sem água
Que a chuva secou!
Sou terra seca, sem flor
Um deserto no coração
Onde o amor murchou!

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Destinatário não encontrado...






Eu preciso saber como te sentes...
Então, escreva-me!
Escreva-me para me contar como foi teu dia
Escreva-me para me falar dos problemas do trabalho
Ou o último filme que passou no cinema
Escreva-me para me contar coisas tuas
Coisas comuns que só interessam a nós dois.
Escreva-me se estiver feliz e se estiver triste também
Isso vai te ajudar a acalmar a ansiedade e a aliviar o coração,
Seja qual for a situação, escreva-me!
Eu quero saber como te sentes...
Então, escreva-me!
Escreva-me quando perder o sono, de madrugada, depois de um sonho ruim...
Escreva-me!
Escreva-me para contar de um projeto que já teve fim.
Escreva-me para me contar de teus sonhos, teus planos,
Escreva-me também para dizer dos erros e dos teus enganos...
Escreva-me!
Isso te fará bem!
E também me acalmará saber notícias tuas...
Então, escreva-me!
Eu preciso saber como te sentes...
Preciso que me contes como vai tua vida,
Preciso que me digas o que tem visto pelas ruas,
Preciso que me contes por onde andas...
Preciso que me mostres uma saída para esta saudade que eu sinto
Então, escreva-me!
Mesmo se não for para dizer que me amas, escreva-me!
Eu preciso de notícias tuas,
Escreva-me!
Mesmo se não houver mais amor
Mais uma chance para nós dois...
Escreva-me, por favor!
Eu só preciso saber como te sentes
E o resto que precisa ser dito fica para depois...


terça-feira, 20 de novembro de 2012

Multicolorida





A minha consciência é vermelha
Herança de uma paixão
É vermelha feito o sangue que pulsa em meu coração
Que é o mesmo que corre em ti
Não importando tua cor ou tua religião

A minha consciência é verde
Pintada pela esperança
Faz eu me sentir filha da mãe natureza
Herdeira de uma aliança
De povos que construíram esta terra
Da mistura de suas lembranças

A minha consciência é amarela
Cor herdada do astro rei
No corpo trago toda a aquarela
De primaveras que me pintei

Minha consciência é azul
Herança pura e celestial
Cor que representa minha fé
Que dá a minha alma sentido imortal
Que mostra que o mundo não se acaba aqui
E que viremos todos em comunhão no final!

Minha consciência é negra
Herança escrava que este chão batizou
Com suas rezas e suas danças
Sua cultura aqui enraizou!
Eu sou mestiça dessa gente
Que aqui lutou,
Viveu, morreu
E amou!

Minha consciência é branca
Herdada pela pomba da paz
Faz eu voar por todas as cores
Querer ser todas e um pouco mais!

Minha consciência é vermelha e amarela
É verde e azul-celeste
É preta e branca
E todas as outras cores que a gente se esquece
Minha consciência é multicolorida
E minha alma, assim, se enriquece!

Minha consciência é transparente
E tem a cor e a voz da igualdade
Ela tem muitos rostos, mas seu nome é um só
É LIBERDADE!


segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Culpados e Inocentes






Mais uma tarde vai embora sem tu haver chegado
Eu invento desculpas por não teres regressado
Culpo o tempo por tão rápido ter passado
Culpo o vento por ter, para longe, te arrastado
Culpo o presente por ter chegado
Culpo o passado por ter me deixado
Sem avisar...
Seu eu querer dele me desprender...
Eu me culpo por teres deixado de me querer
Eu me culpo por não teres voltado
Eu me culpo quando a culpa não é minha de não estares ao meu lado
No amor não há culpados nem inocentes
Mas a culpa é a única lembrança tua, presente
Seria bem mais fácil te libertar de mim se tu fosses inocente.

domingo, 18 de novembro de 2012

Ausência






Minh’alma está em silêncio
Não ouço soluços nem risos
Nem sussurros ou gemidos
Minh’alma está quieta
Não se mexe, não se contorce
Não voa!
E minh’alma nunca fica parada assim...
Ela está sempre por aí, á toa
Rindo e zombando de mim!
Mas hoje minh’alma está em silêncio
Ela não canta, não ri, não chora!
Até parece que foi embora
Assim, sem nem dizer-me adeus!
Minh’alma está tão quieta
Tão silenciosa
Que temo estar morta!
Nem ao coração ela responde
Quando ele a chama para uma conversa...
Parece que de todos se esconde
Parece que foi embora, pra bem longe...
Longe do alcance do meu coração
Longe do meu sentir
Longe da minha percepção de lhe ouvir...
Ontem minh’alma ainda ria com a tua
Ainda suspirava ao ver a lua...
Ainda ontem ela chorava, a tua procura
Depois que partiste...
Mas hoje eu não a sinto comigo,
Não a escuto!
Parece que ela foi embora junto contigo...

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Brinde ao Afogado






Feridas abertas que sangram sem cessar
Banhando o corpo de vinho tinto sangrento
Fazendo a alma também de sangue encharcar
Da bebida batizada com o nome de sofrimento
Feridas que parecem nunca cicatrizar
Que trazem ao coração eterno tormento
Chagas abertas que estão sempre a sangrar
Uma alma aflita que espera por julgamento
Enquanto o cálice parece que vai transbordar
Gota após gota o sangue inunda o pensamento
Fazendo o corpo e a alma se embebedar
Do ultimo gole destilado de puro sofrimento
Que faz a alma, aos poucos, se envenenar
Erguendo um brinde ao sofrimento
Enquanto o coração insiste em pulsar
Vendo a taça vazia cair no esquecimento
E o coração, no próprio sangue, se afogar!