sábado, 26 de novembro de 2011

Caligrafia






Queria te escrever um poema alegre o suficiente para nunca te ver triste
E forte para nunca te fazer chorar.
Onde cada verso fosse como um beijo que te aquecesse
E com tamanha paz para nele repousar.
Queria te gravar em cada letra para ter-te aqui para sempre...
Mas como sempre é muito quero-te apenas pelo tempo que durar.


Quero-te ontem, agora, amanhã e talvez depois...
Quero-te pelo tempo que for justo à nós dois.
Quero-te um pouco mais que ontem, bem menos que amanhã
Quero-te nas horas inteiras, nas tardes e madrugadas, nas semanas e feriados...
Quero-te nos meses e anos, no futuro, no presente e no passado.


Quero-te outra vez e todas as outras vezes que me quiseres...
Quero-te tanto e pouco e muito e tudo o quanto mais disseres.
Quero-te o bastante e tantas vezes quantas forem necessárias para não me esquecer.
Quero de ti tudo e não mais nem menos do que eu merecer.


Quero-te em grafia, em verso, em traço ser linha, poema, reverso.
Quero-te em mim poesia, escrita em meu corpo com tua caligrafia.
Quero-te em meu mundo com ou sem nexo...
Quero tudo o que tiver de querer
E quero, que mesmo ao reverso, me queiras também.
É só o que peço, que queiras a mim como te quero: tão bem!

domingo, 20 de novembro de 2011

Madrugada



Hoje a noite revirei nossas lembranças
Despi-me do medo
Senti teu beijo, teu cheiro, teu toque em meio as minhas inseguranças.

Esta noite colei as velhas fotos
Juntei os pedaços e cacos de um coração em destroços.
Rasguei tua roupa.
Chorei, gritei, te amaldiçoei.
Cuspi o orgulho, a vaidade, o eu te amo ainda preso em minha boca.

Hoje a noite a saudade bateu à minha porta
Abri o coração
Destranquei as janelas, o quarto, o corpo para a tua volta.
Sem orgulho, ou mágoa, despida da vergonha, nua.
Vesti-me de velhas fantasias minhas e tuas.
E pedaços de sonhos de nós dois.

Esta noite tua lembrança fez ronda lá fora.
Tua voz chamando meu nome
Mandando a lucidez embora.
Noite longa de lembranças e saudades
Madrugada à fora.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Descuido




Ela pensava ter trancado a porta. Pensava ter trancado o coração, o corpo, a alma. Ela pensava estar segura, em seu mundo. Sozinha, protegida de tudo e todos. Separada dos sentimentos mesquinhos e pequenos que envolvem, iludem e ferem. Ela pensava...
Mas ele, o amor, estava a sua espreita. Feito menino zombeteiro, risonho, maroto, faceiro... Feito aqueles garotos arteiros que nos pregam peças. Feito criança travessa que engana nossos olhos e apronta suas artimanhas... e quando vemos a arte esta feita: a vidraça quebrada, o joelho esfolado, a roupa molhada, o beijo roubado... Quando vemos já era!
E foi assim que acontecera... e quando ela viu, a porta estava entreaberta.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Desejo



Que louca vontade eu tenho de dar-te um beijo
Quando o brilho de uma vida inteira nos teus olhos eu vejo

Uma explosão em um rompante que não se propaga no tempo
Um arrepio, um calor, um lampejo...
Um sussurro levado pelo vento

O princípio e o fim através de um beijo
Que retrata a imensidão de um pequeno instante de simples desejo.