sexta-feira, 25 de março de 2011

Dança: ritual corpóreo





Já disse Baudelaire: o amor é um crime que não pode se realizar sem cúmplice...
É preciso pelo menos dois: o eu e o ser amado.
Sem medo.
Sem culpados ou inocentes, já vesti minhas luvas de seda...
E quanto a esta noite, assim como a névoa lá fora, suspense...
Esta noite cometo um assassinato, depois minha alma canta e dança.
Vou matar meu outro eu. Aquela parte de mim que me aprisiona.
Santidade versus insanidade.
Depois da dança, ao nascer do sol, liberdade!

Esboço de um conto que não é de fadas.





Meus amigos costumam dizer que eu não aceito elogios, que não consigo ver minha grandeza, minhas qualidades e me encolho.
Talvez isto tenha um fundo de verdade. Assim como, é verdade também que, existem pessoas que só conseguem ver nossos defeitos...
Então enquanto me vestia parei em frente ao espelho e fitei-me por um instante... E vi-me por inteira, dos cabelos negros às unhas dos pés pintadas à francesinha e me vi pequena em meus 1,64 de altura.
Então fui até a sapateira e peguei meu Scarpin preferido: preto, de camurça e com 15 centímetros de salto agulha.
Sentei na cama, calcei-os. Parei e pensei por um instante... Pus-me de pé e fui, novamente, à frente do espelho...
Mirei-me, mais uma vez, de cima a baixo e fiz o movimento reverso. Mas, mesmo depois disso, não me vi grande.
Então, retoquei o delineador, apanhei a bolsa, as chaves e saí...
Já era madrugada... a noite estava um pouco fria, uma névoa, um ar nublado, um vento sutil tentava bagunçar meus cabelos, mas eu nem ligava... eu também não ligo para isso.
Algum tempo depois, encontrei-te onde havíamos combinado... E viestes a mim, assim como o vento, caminhando de mansinho... Parou a minha frente sem nada dizer. Fitou-me com um terno olhar, um sutil sorriso ao se aproximar... Beijou-me na esta e me protegeu em um abraço: quente, forte, lento... Doce acariciar.
E, neste momento, eu me senti grande.
(...)




Há pessoas que nos fazem mal, mesmo sem querer. Despertam o pior de nós. Mas, há aquelas que nos tornam melhores, maiores... Que nos vêem bem maior do que realmente somos.
A grandeza de uma pessoa não é medida pela sua altura e sim pela capacidade que seu coração tem de amar.
Eu amo a tudo e a todos, sem distinção, sem cor, sem credo, sem desconfiança, sem medo.
E não preciso de alguém para me dizer quem eu sou. Cada um tem o direito de dizer o que pensa a meu respeito, mas isto não me aumenta e nem me diminui, porque sei exatamente quem eu sou e não preciso de alguém para me autoafirmar.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Ciranda...




Enquanto a alma dança (um som inaudível: agudo, feito choro de criança) o corpo pacere imóvel mas uma força paira no ar...
Força! Vai coração leve a voar...
Baila coração, sem pranto!
Dança minh'alma a recordação de uma noite passada em branco.

Plágio




Sou meio Cazuza, totalmente exagerada. E eu quero... Quero muito "ser teu pão, ser tua comida todo amor que houver nessa vida"... Diria mesmo que sem dinheiro, sem garantia. Sou, assim, "maior abandonada" e bato a tua porta, "perdida: sem pai nem mãe, querendo a tua mão e um pouquinho do braço" querendo tua atenção, teu colo, teu corpo, tua mente, teu eu, teu ser, tudo e nada que possas me oferecer. "Teu corpo, com amor ou não." Apenas, pequenas porções de ilusão. Porque: "mentiras sinceras me interessam!"
Eu sou assim, meio Clarice Lispector: às vezes calmaria, outras: tua Tempestade. Afinal: "Posso ser leve feito uma brisa ou forte feito uma ventania" Depende de como me vês passar. Depende de como me lês... Depende se queres me entender ou não. Mas eu, assim como a vida, "Ultrapasso qualquer entendimento."

Sou meio Renato Russo, às vezes autodestrutiva, às vezes corrompida, às vezes "A força da Vida".
Sou meio Pink Floyd: cheia de fases e viajo em cada uma delas... Às vezes multicolorida, divertida. Às vezes clássica e elegante. Às vezes deprimida, doente, pulsante. Porém, sempre progressiva, constante...
Sou meio dolorida e meio alegre, como o choro em um solo de guitarra. Sou como a simplicidade e a beleza traduzida nas teclas de um piano. Sou a contradição de uma música muda, composta só de letra... Sou como um raio que rompe a escuridão da tempestade, como um grito que agride o silêncio, como o véu que esconde a pureza, como a máscara que se usa para encobrir a tristeza. Sou assim: a linha tênue entre a menina e a mulher, às vezes alegre, em outras triste. Sou o que eu quiser...
Às vezes sou antiga, empoeirada e saudosa feito meus velhos discos de vinil. Sou incompreendida, uma alma do passado presa a conceitos talvez antiquados que fazem de mim um misto de mistério, desejo, incompreensão.
Sou como meus bichinhos de pelúcia, terna, delicada, fofa e meiga para quem merece meu carinho e conquista meu coração. Sou também forte, quente e causo dor aqueles que rompem a linha tênue entre meu ódio e meu amor.
Sou de extremos, mas sou de verdade. Sinto, penso, vivo, tudo com total entrega e sensibilidade. Não consigo ser pela metade. Não consigo amar pouco, não consigo sofrer de quase ou viver de pode ser... Como diria Cazuza: "É matar ou morrer!"
É isto que sou. Um plágio de meu outro lado, um misto do que gosto e do que desgosto. Uma mistura entre minhas paixões e minhas decepções e tudo que passo se não me mata, me fere isto é fato, porém de torna mais forte.
Sou o que sou e se isto te causa dor sinto muito, mas ainda assim é bem melhor que a inútil indiferença de passar pela vida de alguém sem deixar marcas. Sem amar.
Sou marcada a ferro e fogo por tudo que vivi e que sofri. E como a Rosa tenho meus espinhos. Posso te marcar sutilmente como um veludo acariciando tua pele ou como arranhões entrando em tua carne. Mas, de alguma forma irei te marcar porque sou várias. Sou alegre, sou triste, sou insegura e determinada, ou frágil e mortal, sou tua ou não. Mas nunca vazia. Posso ser quente ou fria, mas sempre vais me sentir.

quinta-feira, 17 de março de 2011

A Mensagem




Recebi uma mensagem de alguém que sempre me acarinha a distância. O final dela era simples e objetivo: "Tenha um dia como desejar."

Sim! Sorri e pensei em voz alta ao ler a menagem: terei!
Lembro-me que estava caminhando, apressada, para pegar o ônibus com destino a mais um dia de minha rotina... como sempre faço, estava me preparando para colocar os fones de ouvido quando o celular tocou... sabia de quem era a mensagem, pois conheço cada um de meus amigos e tem aqueles que estamos sempre ligados em pensamento e há também aqueles com hora marcada para dizer que nos amam... e isso é bom. Quem não gosta de se sentir amada? Eu gosto!
Afagos na alma é o que recebo de quem realmente me ama, é o que recebo de meus amigos, em doses diárias de carinho. Doses homeopáticas, amor em forma de mensagem, de um telefonema, de um scrap, um email no fim do dia, um desejo de boa noite... Ah, o remédio para a cura do corpo, do coração e da alma!
Mas, como dizia, e antes que me fuja o pensamento e eu me perca em devaneios, estava a caminho da Universidade quando recebo uma linda mensagem, bálsamo para meu coração... Não convém explicar ou citar aqui o seu conteúdo pois, como diria Maquiavel: "O fim justifica os meios" e é ao fim que quero chegar...
Apesar de eu não concordar com ele, quero dizer apenas que não convém a vocês meus queridos amigos saber que a mensagem continha amor expresso em cada letra, mas que ao final derrubava tudo antes ja expresso, já mostrado, já sentido, já visto. E foi este final que me fez pensar...
Lembro que, de tão alto que pensei, fui ouvida pelas pessoas a minha volta que, por certo, pensaram: "Nossa, esta é doida!". Mas, entre risos de bom senso, repeti para mim mesma a fim de aprender e de gravar em mim o que já estava gravado em meu celular: "TENHA UM DIA COMO DESEJAR".
Aí está o segredo desta vida meus queridos amigos... É fácil deixar as coisas nas mãos do destino e simplesmente esperar. Nos poupa o cansaço da luta, nos proteje de falhar, de sofrer, de perder... É mais fácil não é? Dizer: "Ah foi o destino quem não quis!"; "É, Deus que quer que eu passe por isso..." "É meu fardo!"... É mais fácil não é?... Mas basta!
Basta de ficarmos parados. Chega de empurrar com a barriga, de deixarmos para amanhã, ou de deixarmos a cargo do destino...
Sinto muito informar-lhes mas destino não existe. O que existe são escolhas.
São nossas decisões que farão de nós pessoas alegres ou tristes; bem sucedidas ou fracassadas, lutadoras ou conformistas, fracas ou fortes, boas ou más. São nossas escolhas.
Nós decididos como passaremos uma hora, um dia ou o resto de nossas vidas.
E não está nos outros, por mais que nos queiram bem, decidir por nós.
A escolha é nossa, é própria, é de cada um.
Tenham um dia como desejarem...
Eu terei, porque já escolhi.
Escolhi lutar, escolhi vencer, escolhi ser feliz, escolhi viver.
Façam suas escolhas também e vivam.
Senão restará apenas ficar sentado, braços cruzados, esperando o destino...
E, assim como o coelhinho da páscoa, o destino não existe. É somente uma ilusão nossa de cada dia, um caminho mais fácil, uma conformidade para nossa própria covardia...

Tenha um dia como desejar!

quarta-feira, 9 de março de 2011

Segredo




Me dê a mão e me diga que vai ficar tudo bem
Me abrace e me diga que vamos recomeçar
Eu já vi  teu olhar assim antes
Já ouvi teu coração dizendo que podemos tentar
Nos de uma chance de terminar o que deixamos pela metade...
Eu vi amor no teu olhar.
Eu vi no teu corpo saudade...
No modo como tua mão procura a minha
Quando tua boca mergulha em mim quando nossos corpos se encontram
Não podemos negar...
O desejo vem, aflora no ar.
Ou será loucura?
Loucura essa sina de te amar...
Eu li no teu olhar o que não tens coragem de dizer
Vi que tua boca ainda não me esqueceu
E que teu corpo ainda quer o meu
Vi que quando estamos juntos não existe nada alem de nós dois
Vi que ainda somos um, um desejo, um segredo...
E eu não me preocupo com o que será depois
Se continuaremos sendo um ou dois ou mais...
Eu vi no teu olhar o que não esquecerei jamais.


Que depois do furacão vem o arco-íris...