quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Entulho



Jogue fora minhas fotografias
A marca do meu beijo no teu rosto
Meu gosto
Minha caligrafia em teu corpo

Jogue fora o meu nome ainda preso em tua boca
A minha recordação
Meus presentes
Meus versos
Como jogaste fora meu coração

Jogue fora a aliança
Nossos sonhos
Aquela velha esperança
Como jogaste fora o amor que eu te dei

Jogue fora o que de nós ainda resta
Como eu também joguei

Jogue fora a saudade
A amizade
Como jogaste fora a minha confiança
Que o pouco que restava em mim eu já joguei fora junto com a tua lembrança.

João e Maria





No caminho vão ficando pegadas
Sonhos
Migalhas
Medos
Risadas
Fracassos
Segredos


No caminho ficam saudades
Amores
Paisagens
Deixadas para trás, ao longe se perdem
Miragem


No caminho ficam rastros
Erros
Acertos
Pecados
Ficam flores e espinhos que perfumam e ferem cada passo


No caminho deixo meu rastro
Para que veja minhas pegadas
Parta ao meu encalço


No caminho vou deixando lembranças
Alegrias
Tristezas
Esperanças


No caminho ficam perfumes
Fotografias
Bagagens
As cartas que te escrevo datadas com minha caligrafia
Bobagens


No caminho fica o que vivemos
O que se passou e se perdeu
Fica tudo que recordamos, o que o coração não esqueceu


No caminho vão ficando nossos pedaços
Como se a cada passo fossem deixados os anos, os fardos...


No caminho os pés cansados levam poeira
Enquanto as mãos exaustas deixam partir os sonhos...


Sonhos que não podemos carregar são deixados no caminho feito migalhas que marcam o ponto de partida se um dia houver coragem para regressar


Levamos conosco somente a certeza da partida e tentamos avistar o oásis aonde se desejou tanto chegar.
Dilema?!


No caminho ficam migalhas
Sonhos
Amores
Saudades
Espinhos e flores.


Ficam pegadas
Poemas!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

À Deriva







Na imensidão do céu
O azul corta o horizonte
Transpassa vales, cerros, montes
Voando terras longínquas
Cruzando rios, mares e pontes


No céu, no mar
Um barco à vela
Um navio a vapor
Uma asa-delta
Um ultraleve
Navegante...

Corta o céu, a terra, o mar
Pinta o céu do azul
Os lagos, rios e oceanos com o verde-mar do teu olhar...
No céu o sol, o sul
No mar o rumo, a nau
Sem norte.

No papel, sem cortes
Em preto e branco
Em traços e linhas
Meus versos te faço
Olhando o mesmo azul do céu em que mergulha, navega, flutua...
Se perde
Errante

Perdida no teu céu
Meus versos vão de encontro às águas
De correntezas e lágrimas choradas
Deslizando feito barcos de papel...
Amante

Tua outra pele, tua outra voz, tua outra alma
Metade cortada
Pelas águas levada
Pelo vento arrastada
Do teu mar
Do teu céu
Do teu olhar
Distante

Uma voz, um grito
Ecoa no pensamento rasgando o horizonte: SOLTE!
Solte o cabo da nau, volte!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Homicídio Duplamente Qualificado



Te matei dentro de mim e o suicídio foi inevitável, pois meu coração era teu templo. Velado, secreto, sagrado!

O Retrato do Passado







Em linhas finas eu risco teu rosto
Eu marco teus traços,
Eu brinco em tua face,
Eu pinto teu corpo.


Em tons e nuances eu pincelo minha tela
Te molho em água e à óleo,
Te pinto e te bordo com minha aquarela.


No azul do meu céu
Teu vulto reluz escondido sob um véu...
Nem choro nem vela,
Nem reza ou promessa
Desfaz o quadro que a vida pintou.
Jaz só pegadas na areia, no breu.
Um vulto apagado que o verniz ofuscou.


Em minha paleta uma cor quase se esgota...
E na tentativa de não ver minha tela morta
Na paisagem já cinza um ponto destaquei:
Com a última gota da cor esperança, teus olhos pintei!


Este pequeno quadro que rabisquei
Não é a tela mais bela
Nem a obra mais cara
É uma simples aquarela que guarda o retrato do homem que amei.