quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Bodas de Papel






Será que sofrimento faz aniversário?


Creio que sim. Pois não importa o tempo que passe chega um dia que a velha melancolia senta-se ao nosso lado e faz-nos companhia...
Aquele dia de lembrança enfim retorna. O dia da morte da esperança vem como se tivesse data, chegando com dia e hora marcada. Mas lá no fundo a gente sabe que este dia se avizinha...
Aquela dor que não é nem tua nem minha, que já foi embora, mas, de vez em quando, regressa para dizer-nos que ainda somos humanos. Que temos sangue no corpo, vísceras, entranhas, coração vivo que pulsa e sangra e que a alma não está morta, pois o sangue verte dos olhos e caí pelo rosto...
Tem dias que o sofrimento passado faz aniversário e bate à porta... Entra de vagarzinho e ocupa o lugar vazio no sofá da sala.
Ele chega com bagagem, com aparência famigerada e uma face meio apagada pelo tempo... Põe suas angústias sob nosso ombro e deixa-nos desperdiçar uma lágrima... Abre de impulso a mala de lembranças daquela velha esperança e em nosso colo despeja memórias embranquecidas, ruídas, quase esquecidas...
Quase! Mas ainda permanecem ali, vivas. Fazendo aniversário.
Há dias em que o sofrimento ressurge e quer brindar conosco. Levanta a taça e entoa: "Voltei! Senti saudade..."
Pois bem, que posso dizer-lhe eu? O que a educação me ensinou dizer a quem me visita?
Hora: "Seja bem vindo!" (...)
Ah sofrimento! Acolho-te em meu peito de tempos em tempos, bem sei que foste meu fiel companheiro. Mas por hora senta-te, coma, beba, chore e ria comigo... Depois recolha tua bagagem e vá. Eu ficarei bem até que novamente regresses... Espero que não tão breve vão-se os meses que marcam tua passagem e trazem-te a mim...
Tim-tim!

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