quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Abandono




 
Olho o céu escuro lá fora e imagino que se um coração pudesse ser visto triste, neste momento, o meu estaria assim, em tom de cinza...
Cinzas que restam de um amor que ontem já foi chamas...
Um dia foste meu lindo romance, meu conto proibido, meu amor, talvez hoje, inimigo...
Hoje foste apenas um homem amargurado que, como todos os outros, partiu meu coração. Fazendo do mais lindo conto de fadas um romance de quinta, um drama.
Paro para pensar e não consigo... Meu corpo está anestesiado, minha mente inerte, apenas meu coração se mantém vivo, pendurado a um fio de vida e, ainda, mesmo em meio a dor e a desistência, se mantém pulsante... chora, vibra, pulsa, jorra sangue...
E este pulso descompassado me corta o peito, me sufoca, me reprime... Sinto-me morta, atirada ao chão do meu quarto enquanto Moonlight Sonata embala meus versos, os últimos que te dedico.
Tento respirar para manter-me viva por mais tempo, na esperança de que a dor cesse e no amanhã encontre alento, longe do porto seguro que era ter-te..
Mesmo que este "ter" fosse apenas um sonho que minha alma acalentou secretamente, desde que te conheci.
Respiro a falta de amor,  tua indiferença, a raiva e o rancor que senti em cada palavra tua e me alimento da dor e da tempestade que está por vir...
Ela me dará esperança de que as mágoas irão embora e que meu coração, que hoje chora, quem sabe, mesmo banhado em lágimas, volte a sorrir...
Sinto o cheiro da chuva que se aproxima... Ouço o ruir do céu e observo as nuvens "a correr" enquanto grito calada a dor de não ser amada por ti.
Agora, já passam das dezoito horas, o dia já foi embora e meu coração ainda chora. Inerte, entregue ao silêncio, escuto os pingos de chuva baterem em minha janela.
Ponho-me de pé, cambaleante, um sopro de vida que insiste em não me deixar me leva a sentir...
Sentir a chuva molhando meu rosto, confundindo meu pranto, enxugando  meu choro, chorando meu canto, de nunca mais te sentir.
Já com o corpo cansado, entregue ao enfado, gelado a tremer o frio do teu "me querer"...
Avisto a rua deserta, nenhuma alma, nenhum som, nenhum perfume, nenhum sabor, nenhum tom...
Sozinha estou...
Há somente abandono, nada mais me restou.

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