quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Crise dos Trinta





Chega certa idade, na vida da gente, que é a hora em que olhamos para trás e nos perguntamos o que fizemos das nossas vidas...  Alguns dizem ser a crise dos trinta. Eu não sei, só sei que sempre que olho para dentro de mim, vejo-me diferente e, nem sempre, estas mudanças me agradam em um primeiro momento. Não sei se isso é a crise dos trinta, só sei que olhando para minha própria vida vejo que faltam tantas coisas daquelas metas que, lá trás, planejei. E cadê a moça aquela que ia a luta?! Não sei. Talvez esteja cansada pelo peso dos trinta... Só sei, nem me recordo mais a data, que lá atrás, enquanto ainda usava “Maria Chiquinha” eu sonhava com o príncipe encantado, com o amor verdadeiro. Era este meu sonho para o futuro, viver um grande amor. Depois, com o passar dos anos, vieram os projetos de fazer faculdade, ter uma profissão, um ideal pelo que lutar. Este era meu sonho de juventude, mudar o mundo através da educação. Quase junto a isso, e ao sonho do amor verdadeiro, veio junto minha paixão pela poesia, pois sempre que dava tempo, entre uma leitura teórica da faculdade e um beijo do príncipe encantado, eu lia Shakespeare e sonhava me tornar escritora, para mostrar ao mundo o amor verdadeiro... Então, se neste momento, alguém me fizesse a pergunta clássica “o que quer ser quando crescer” eu diria: “Ah! Quero ser uma mulher completa! Uma que viveu um grande amor, teve um filho e escreveu um livro.” Este foi meu grande projeto de vida e, exatamente, nesta ordem: viver um grande amor, ter um filho e escrever um livro. Completando este ciclo, saberia que cumpri meu papel nesta vida e que poderia, então, não mais me assustar com a idéia da morte, pois teria deixado um legado, teria realmente vivido, não apenas passado de férias por este mundo.
Se eu olhar para trás, agora, estes eram meus grandes sonhos, meus ideais de vida e metas. Nunca fui do tipo de mulher que sonha em ter uma casa própria, com piscina, suíte com hidromassagem, carro, etc. Nunca fui do tipo que vê o casamento como garantia de sucesso, tanto que fiz faculdade. Meu sonho com o casamento era apenas no sentido mais bobo e romântico dos poetas, apenas pelo amor verdadeiro. Levantei sempre a bandeira do “amor e uma cabana”, mas Amor, sempre e para sempre. Agora, olhando para a minha vida, vejo tantas coisas fora do lugar em que planejei para elas, tantos sonhos que não estão no lugar onde deveriam, aquele chamado: Sonho realizado... Por isso, me vejo decepcionada comigo, talvez decepcionada não seja a palavra correta, mas em falta de outra no momento, usarei esta, pois sei que me entendem, afinal todos temos nossas crises e acredito que elas venham em qualquer idade, não apenas com os trinta.
Hoje, sentada aqui, batendo um papo comigo e com todas as meninas, moças e mulheres que fui, uma delas olhou e apontou para o livro trancado na gaveta, que quase ninguém conhece, pois tenho medo de mostrá-lo ao mundo, já que nesta altura da minha vida, ele prova não ser fruto daquele amor verdadeiro que sonhei viver... Ela tentou me dizer: não fracassaste de todo, algo realizaste daquilo que sonhou, mas o amor verdadeiro é assim mesmo, difícil de encontrar, ele, meio que habita o coração e a alma dos poetas. Poetas nasceram para falar do amor, mas quase sempre em sua solidão... Então, me perguntei: Em que momento da minha vida resolvi cometer a insanidade de me tornar poeta?! (...) Este foi o único sonho que não planejei, mas que aconteceu, sem eu nem perceber. Quando vi, lá estava eu, brincando com as palavras, acho que ainda no jardim de infância... Mas não cabe aqui alencar quantos poetas viveram em solidão e quantos casaram e tiveram filhos, esta é minha crise dos trinta, não uma pesquisa sobre a vida amorosa da literatura mundial. O que quero dizer é que os sonhos mais simples são os mais difíceis de realizar. No meu caso, encontrar um amor verdadeiro, que me ame, que me peça em casamento e dê nome aos meus filhos, foi algo mais difícil que passar em dois vestibulares em Universidades Federais... Por isso, hoje, se alguém me perguntasse “o que quer ser quando crescer”, eu acho que responderia apenas, quero ser feliz. Pois isto basta é já é algo muito precioso para se buscar, afinal, não é fácil buscar e lutar pela felicidade... Quem vai ter tempo para isso, quando se tem uma tese da faculdade para concluir?!
O que me consola, neste momento em que olho para dentro de mim e para minha vida, é saber que a crise dos trinta vai ter que passar, afinal já tenho trinta e um, acho que um ano de crise já está de bom tamanho.
E quanto aos sonhos que eu tinha... Olho para a gaveta e uma parte de mim se sente realizada ao ver ser nome na capa de um livro. Afinal, quantas mulheres podem ter esta sensação aos trinta?! (risos)
O amor verdadeiro fica para depois... Pois não dizem que a vida começa mesmo nos trinta...

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